Criação de Peixes
Criar peixes é uma atividade que requer cuidados especiais mas crianças, jovens, adultos e idosos podem aproveitar a prática. Não é uma tarefa difícil, é bom criar peixes devido a facilidade, a responsabilidade que se adquire, entre outras vantagens. A preocupação na criação de peixes é menor que aquela com outros animais, pois eles ocupam apenas a área que é delimitada pelo aquário.
Os peixes são animais agradáveis, que servem para decoração de qualquer ambiente. A serenidade que os acompanha faz as pessoas se esquecerem do estresse cotidiano, no simples ato de observar a beleza natural que eles proporcionam. Multicoloridos e divertidos, os peixes são ótimos para a criação.
Não só para uma sala bonita, nem tão somente para a diversão de quem os cria, os peixes também movimentam bastante a economia no comércio. Os piscicultores são criadores de peixes, criam em tanques, viveiros e engordas, para a venda do pescado nas peixarias. A carne é exportada para países onde é comum o consumo do pescado. Existem até concursos de beleza ornamental do peixe, cujo prêmio, em dinheiro, é uma quantia elevadíssima para o campeão do concurso, dependendo da espécie.
Para a criação com finalidade comercial são exigidos diversos cuidados, pois alimentação é algo que possui uma fiscalização severa. Por isso, é necessário que se tenha todo um equipamento, bem como uma estrutura adequada para a criação de peixes, além de autorização do Governo Federal e Órgãos afins.
O que é Piscicultura?
Piscicultura, segundo o dicionário, é a arte de criar e multiplicar peixes. Essa técnica milenar iniciou-se na China. Esse povo utilizava o esterco de bovinos para fertilizar os tanques em que se criavam os peixes, a fim de aumentar a produção do pescado. O avanço da tecnologia permitiu que os cultivadores brasileiros pudessem desenvolver técnicas, sob indução hormonal, para a maturação dos ovos da fêmea. Simultaneamente, obtém-se maior produtividade dos espermatozoides dos machos na época da Piracema, que é quando os peixes nadam contra a corrente para se reproduzir.
A atividade progrediu e continua a crescer no Brasil. O cultivo de peixes é um ramo promissor, por causa de seu baixo custo. O cultivo não requer tanto quanto uma criação de gado, é uma prática sustentável e contribui para a conservação de determinadas espécies de peixes. Além de prover qualidade alimentar, o retorno financeiro é consideravelmente alto, pois a proteína fornecida pela carne dos pescados oferece interesse à população mundial.
O Brasil possui condições excelentes para a ampliação da piscicultura. O país é riquíssimo em recursos hídricos, pois detém grande parte da porcentagem de água doce do planeta. A água de rios e lagos é o principal local da cultura, mas também é possível criar peixes em água salgada. Os peixes são maioria na aquacultura. Aquacultura que consiste na produção de diversos organismos aquáticos, como peixes, crustáceos, anfíbios, moluscos e plantas aquáticas.
O mercado para a piscicultura sobra, por causa do crescimento do poder de compra e a procura pelo pescado aumentou por causa da qualidade oferecida pela carne do peixe. O Brasil, segundo a Food and Agriculture Organization (FAO), até 2030 poderá ser um dos maiores produtores de pescado, pois é um país que possui imenso potencial pesqueiro.
Como iniciar a piscicultura?
Inicia-se a piscicultura com a avaliação de um local para o criadouro. Após isso, é necesária a escolha das espécies a ser cultivada. São relevantes alguns aspectos, tais como: adaptação da espécie, qualidade da água, nível de oxigênio, acidez e outros. Precisa de autorização governamental de órgãos como IBAMA e o Ministério Público, salvo se for lugar de pesca esportiva, como pesque-pague ou pesque-solta.
Depois de escolhido o local e devidamente autorizado pelo governo, deve-se escolher a melhor espécie de alevinos (filhotes de peixe) de boa procedência. A partir disso, com um bom manejo, aplicando as técnicas de reprodução, nutrição, obtém-se alta qualidade produtiva e, consequentemente, bom retorno financeiro.
Preparando o terreno
O criadouro ou viveiro da piscicultura pode ser um reservatório escavado em local natural, onde haja sistemas de abastecimento e de drenagem da água, a fim de encher ou esvaziar o tanque em curtos intervalos de tempo.
O tanque tem sua estrutura parecida com a do viveiro; revestido com alvenaria de pedra ou tijolo em concreto. Na piscicultura são usados diversos tanques, dependendo da sua finalidade (manutenção de reprodutores, preparo de reprodutores, acasalamento, criação de pós-larvas e de alevinos, engorda, etc.).
Os viveiros são classificados em dois tipos:
- Viveiro de barragem – é construído no fundo de um vale, onde corre curso de água em córrego ou olho d'água, mediante o crescimento de uma pequena barragem ou dique.
- Viveiro de derivação – escavado ou elevado no terreno natural, é abastecido por água de nascente, de uma represa ou açude, por meio de um sifão, galeria etc. A água é conduzida por canais abertos ou turbilados ou até mesmo por bombeamento através de curso de água ou reservatório, dando controle de entrada e saída de água.
O tanque é menor que o viveiro, tendo sempre características de derivação.
Qualidade da água
A água deve ser de qualidade. É importante verificar a temperatura dela, pois isso influencia na reprodução e no crescimento do pescado. Temperaturas muito baixas ou elevadas atingem negativamente na alimentação dos peixes. Mede-se usando um termômetro de imersão com escala de 0 a 50ºC. A água do fundo é tirada por um frasco com tampa, que é destampado quando atinge a profundidade desejada. É preciso levá-lo depressa para a superfície e a temperatura da água no interior medida.
Quanto mais transparente a água, maior será a penetração da luz, essencial para os seres produtores de matéria orgânica, os fitoplânctons, bactérias fotossintéticas e macrófitas aquáticas, organismos que dependem da luminosidade para fazer fotossíntese. As águas claras são as melhores para abastecer os tanques, levemente azuladas ou esverdeadas. Com um instrumento chamado disco de SECCHI é possível medir a transparência da água.
Amarra-se o disco com um cabo de náilon de 3/16”, mergulha - o até que não seja mais visto. Através do cabo, faz-se a medição da profundidade e a transparência da água dos viveiros deve ser menor do que 30cm.
Quantidade de água
A quantidade necessária para encher o criadouro é diretamente proporcional à capacidade de acumulação, calculada com base em sua área e profundidade média. Por exemplo, quando ele possui área de um hectare e profundidade média de um metro, deve enchê-lo com 10 mil metros cúbicos de água, em intervalo de no máximo, 72 horas. Depois de cheio, só se coloca água para compensar as perdas por evaporação ou percolação.
Características Químicas
Quando der início à construção do tanque, é necessário conhecer o pH, dureza; alcalinidade e teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, sódio, magnésio, enxofre, ferro e alumínio. No caso do ferro e alumínio em alta escala no terreno, construir viveiros para piscicultura se torna uma ação não recomendável.
Características Físicas
Um terreno argiloso é vantajoso devido a capacidade de impenetrabilidade do solo, bem como os minerais produzidos por ela. Os arenosos, por sua vez, não são viáveis por não reterem a água, além de sua pobreza mineral. Entretanto, é interessante a construção de viveiros de derivação. Por outro lado, em terrenos pedregosos não é aconselhável.
A profundidade deve ser um pouco mais que dois metros e é importante estudar a área em que será construída a bacia de peixes. A topografia do local vai indicar os aspectos para a construção como: o número de tanques, tipo de viveiros, se é barragem ou derivação, se há possibilidade da construção, bem como a forma do tanque.
Problemas com a Piscicultura
Os problemas relacionados à prática da piscicultura são causados pelo descuido no manejo da cultura. Problemas esses que atacam a produtividade dos tanques, matando os peixes e permitindo que se desenvolva a má qualidade da água. Quando se coloca quantidades extremas de peixes nos tanques, açudes ou em outros locais de cultivo ou quando se joga ou fertiliza a água, excessivamente, com esterco, acaba desequilibrando a natureza. As bactérias que estão na água passam a produzir gases tóxicos demais, diminuindo a qualidade da água e conduzindo os peixes à morte.
Para evitar outros problemas no criadouro ou viveiro, é preciso que se tome cuidado em relação à qualidade da ração. A boa ração faz o peixe produzir menos fezes, além de proporcionar um melhor aproveitamento da alimentação e, ainda, mantém-se a água em bom estado. Outro fator importante é ter o domínio das técnicas da piscicultura. Uma vez que o piscicultor é munido de um bom manejo, ele conseguirá adaptar o tanque com as condições climáticas e ambientais, o que vai gerar-lhe lucro, pois haverá maior produtividade.
Doenças nos Peixes
Diversas bactérias existem nas pisciculturas e nos criadouros. Há também desequilíbrio, que pode vir como consequência, pela falta de manutenção do viveiro. Gerando aumento de problemas com doenças nos filhotes juvenis e peixes adultos. Tudo depende da forma como se conduz o tanque de peixes. Os termos técnicos são fundamentais para evitar as doenças e podem impedir que se tenha um prejuízo enorme para o piscicultor.
Devem ser tomadas algumas providências para evitar as doenças no viveiro, tais como:
- Manejar corretamente o viveiro, quanto a qualidade da água, nutrientes, temperatura - a baixa temperatura inibe a imunidade dos peixes;
- Providenciar alevinos (filhotes de peixe) de ótima qualidade genética, pois são mais resistentes;
- Deve-se realizar quarentena antes de se introduzir novos peixes;
- Manter separado o setor de berçário;
- Remover do local os peixes mortos e doentes;
- Prestar atenção no comportamento do peixe (isso pode ser observado na quarentena);
- Ser asseado com os equipamentos do dia a dia;
- Respeitar a natureza, não exceder o limite do viveiro.
Sistemas de Criação de Peixes
Colocando os peixes
Os alevinos (filhotes de peixe), devem ser soltos na água com o saco plástico fechado, por vinte minutos, para que haja o equilíbrio da temperatura das águas. É importante ressaltar que não se pode soltar todos de uma só vez dentro da água: solta-se ao poucos e observa-se o comportamento do peixe na água. Ao término do processo, os peixes devem sair espontaneamente da embalagem como prova do sucesso da climatização.
Alimentação dos Peixes
A alimentação dos peixes cultivados em tanques, açudes ou represas pode ser feita através de ração balanceada como também, com esterco, sementes e frutos. Os resíduos que não são aproveitados para o consumo humano, servem de alimentação para os peixes. Essa forma de alimentação é a consorciada.
Em geral, os peixes comem alimentos diferentes. É essencial que os hábitos alimentares contenham nutrientes como lipídeos (reserva de energia), proteínas, aminoácidos, que são das proteínas, minerais, para a composição das escamas, ossos e carne e vitaminas, que facilitam o metabolismo dos peixes, originando um pescado robusto e de carne saborosa.
As rações podem ser granuladas, fareladas, extrusadas e até mesmo pastosa.As rações extrusadas são de alta qualidade e bem mais digestíveis. A fonte principal de proteína é encotrada na soja, com o complemento dos aminoácidos encontrados no milho e farinha de peixe.
Uma observação a ser feita é que não se deve comprar qualquer tipo de ração. Existem algumas com o custo mais baixo; porém, há falta de nutrientes necessários para a boa alimentação do peixe. Isso faz com que o pescado polua bastante o criadouro, tornando a qualidade da água insatisfatória por causa dos seus dejetos. Para que tudo corra bem, é necessário um bom manejo do viveiro.
Sistemas de Criação
Existem sistemas de criação de peixes: consistem na forma como serão criados os peixes - Semi-intensivo, intensivo, superintensivo. E, dentre eles, se utilizam formas de cultivo: o Monocultivo, Policultivo e o Consorciado.
Piscicultura Extensiva
A piscicultura extensiva é uma forma de criação não ordenada e pode ser praticada em açudes grandes ou em lagos; não é necessário o cultivo em lugares naturais. Caso for em lugar natural, é aconselhável que seja um lago pequeno e raso. Na extensiva deve-se contar com o alimento produzido na própria água, não sendo permitido o uso de fertilizantes.
A produção de peixes, nessa atividade, depende da produtividade natural da água. Ela depende dos nutrientes provenientes do solo e da água como nitrato, fosfato e material orgânico. É essencial a escolha certa das espécies e o bom manejo da piscicultura.
Piscicultura Intensiva
A piscicultura intensiva é a tradicional milenar chinesa, praticada também na Europa, que consiste na povoação com peixes de cultivo. A prática tem a preocupação de impedir a penetração de peixes carnívoros, que são concorrentes dos peixes do viveiro. Os peixes do criadouro consomem os alimentos artificiais.
Nessa atividade, há aplicação de adubos orgânicos e inorgânicos da escolha do piscicultor: pode-se usar tanto um quanto o outro para a maior produção. O criador utiliza os alimentos artificiais, que são produzidos fora do local de cultivo dos peixes, em viveiros, e são drenados anualmente uma ou duas vezes.
Piscicultura Superintensiva
A superintensiva é mais interessante para o monocultivo, pois nessa modalidade são cultivados uma só espécie de peixe, podendo conter de 20 a 100 peixes por tanque. É crucial que se use instrumentos capazes de tirar restos de alimentos podres da água, porque isso gera doenças na mercadoria. Na piscicultura superintensiva, são cultivados peixes de alto valor no mercado, pelo fato da alimentação ter um preço elevado e não contar com alimentos naturais produzidos na água.
Consorciado
O método de consorciado baseia-se na criação dos peixes em conjunto com outros animais, como por exemplo, o cultivo de peixes no mesmo local de criação de gados. A piscicultura em harmonia com a pecuária, a saber, aproveita-se dos dejetos dos demais animais para a adubação dos viveiros e a ração desperdiçada por eles é também utilizada na alimentação dos peixes.
Espécies de Peixes
Na criação de peixes, é comum que sejam criados os de boa origem, mais resistentes a diversos tipos de clima, que poderão dar retorno financeiro aos seus cultivadores. As espécies são as mais variadas, entre elas estão: a tilápia, a carpa comum, o tambaqui, o pacu, o tambacu, o pirarucu, o pintado, pintado amazônico, dourado, pirarara, a truta e o salmão, entre outras espécies. O salmão e a truta são as espécies de mais rápido crescimento, porém sua manutenção não é barata.
As Tilápias são as mais cultivadas na piscicultura. Elas são bem tolerantes a troca de temperaturas e são capazes de superar as concentrações de sal da água.
A Carpa Comum, Carpa Espelho e Carpa Cabeça Grande, como é conhecida, é cultivada em criadouros cavados e pode ser consorciada com outras culturas, seja agrícola ou animal. Ela é utilizada também na ornamentação. Alimenta-se tanto de fonte animal quanto vegetal. Pode chegar até 100 kg, mas no cultivo para a venda no comércio, atinge cerca de dois a seis quilos.
O Tambaqui, de origem amazônica, é cultivado tanto em tanques-rede quanto em viveiros escavados. Eles se adaptam aos policultivos, salvo se for a espécie predominante, quando há criação de mais de uma espécie. Consomem ração balanceada e se alimentam de frutos e sementes. Chegam a 45 kg e, aproximadamente, um metro de comprimento.
O Pacu, Caranha ou Piratinga, se alimentam mais de frutas, sementes e não é comum que ele coma peixes, crustáceos e moluscos. Consomem ração balanceada e essa espécie pode ser cultivada em viveiro escavado ou tanques-rede. Há possibilidade de chegar a 20kg e medir 80 centímetros de comprimento.
Os Tambacus são cultivados em tanques-rede ou criadouros escavados e podem chegar a 30 kg e medir 80 centímetros.
O Pirarucu é carnívoro pode alcançar um peso de mais de 200 kg e simultaneamente, seus três metros de comprimento. Esse animal pode ser cultivado em viveiro escavado.
O Pintado consome ração para peixes carnívoros, possui uma grande quantidade de carne, além do nobre sabor, não possui espinhas e pode ser cultivado em pequenos açudes, lagos e represas.
O Pintado Amazônico ou Jundiara é sensível às baixas temperaturas e climas temperados, consome ração para peixes carnívoros e a espécie também é cultivada em viveiros.
Os Dourados são peixes esportivos, todavia, podem ser comercializados, possuem qualidade no sabor da carne e podem ser cultivados em tanques cavados. É um peixe bom para povoar grandes açudes.
A Pirarara é usada em engordas comerciais, lagos ornamentais e pode ser utilizado para o povoamento de açudes. Consome ração para carnívoros.
As Trutas são peixes sensíveis e devem ser criados em temperaturas entre 10º e 20ºC, com teor de oxigênio dissolvido em nível de saturação. Elementos como o pH da água, devem estar entre 6,5 e 8,5, sendo 7,0 o valor ideal. Podem ser cultivadas em tanques, com água corrente e fria e de preferência em tanques de alvenaria.
O Salmão é um peixe carnívoro e sua alimentação é à base de farelo de anchova, restos da industrialização de peixes, arenque, etc. Por não ser um peixe típico de clima tropical, deve receber um tratamento mais adequado, exercer a piscicultura intensiva.
Despesca
A despesca é tão somente retirar os peixes dos tanques, mas não é tarefa simples: é preciso seguir alguns procedimentos para realizar a prática.
Esvaziar o tanque até ficar com pouca água, mas não esvaziar por completo, muito menos deixar só a lama que fica embaixo da água.
Utilizar uma rede ou tarrafa no que sobrou de água para a despesca. Devem-se evitar possíveis feridas que são prejudiciais ao processo de conservação do pescado. Portanto, é essencial a pesca no período da noite, início ou fim do dia, como nos dias de chuva.